A história da aerofotogrametria no Brasil

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A história da aerofotogrametria no Brasil começa em 1928 com o início das atividades da SARA Brasil S/A, empresa criada por técnicos especialistas italianos e brasileiros. O primeiro grande projeto da SARA foi o imageamento da cidade de São Paulo.

A história da aerofotogrametria no Brasil começa em São Paulo

O serviço de levantamento no município de São Paulo foi contratado em 1928 e impresso em 1930. A cidade foi a primeira do Brasil a ser mapeada em sua totalidade na escala 1:5.000 e a primeira do mundo a ter sua área central mapeada em escala cadastral de 1:1.000 pelo método aerofotogramétrico.

As tomadas aéreas foram registradas com uma câmera NISTRI, sendo as fotos impressas diretamente sobre placas de cristal. A restituição foi feita com um fotocartógrafo da mesma marca com placas de 13 x 18 cm.

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Fotocartógrafo NISTRI

O mapa representado sobre o plano topográfico local, com origem de coordenadas no Parque Dom Pedro II, a altimetria com origem de Referência de Nível (RN) da Comissão Geográfica localizada no mesmo ponto.

Nesse sentido, o apoio terrestre foi executado por aerotriangulação a partir de uma base medida também no Parque Dom Pedro II.

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Recorte feito sobre a primeira planta de São Paulo em escala 1:5.000 – Execução SARA Brasil 1928/1930

Novas empresas começam a surgir

Na década de 1940 é fundada, em São Paulo, a VASP Aerofotogrametria em um escritório na Alameda Santos, região da Avenida Paulista, passando a atender diversos órgãos públicos que demandavam serviços para a nova tecnologia que surgia.

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Inauguração da VASP com o Interventor Dr, Adhemar de Barros (Correio Paulistano, 17 de maio de 1940). Fonte: Arquiamigos.org.br)

Utilizando uma câmera FOMA da NISTRI, com filme de 23 x 23 cm, a VASP realizava a aerotriangulação e restituição no Foto Beta da mesma fabricante, equipamento similar ao estereocartógrafo Santoni modelo III, padrão na época. O apoio terrestre, executado por triangulações, feitas a partir de bases medidas à trena ou com fio invar.

Os voos passaram a ser mais regulares e projetos atualizavam constantemente os mapas dos grandes centros brasileiros. Em São Paulo existem registros históricos dos voos da VASP na região em 1945 e 1954.

Ao mesmo tempo, outras empresas começam a aparecer dentro e fora de São Paulo. No Rio de Janeiro a Cruzeiro fazia o mapeamento da região. Assim como a Geotel Fotogrametria surgiria ao final da década de 1960.

Os órgãos públicos como principais clientes

Os primeiros imageamentos aerofotogramétricos foram encomendados por órgãos públicos de diferentes instâncias e para as mais diversas aplicações. Enxergavam a aerofotogrametria como aliada no conhecimento, assim como, no planejamento de um país continental.

Sendo assim, diversas prefeituras, instituições estaduais e municipais demandavam voos para as empresas que surgiam em diferentes regiões. Com o avanço da infraestrutura brasileira, era comum que os projetos aerofotogramétricos fossem a base para obras rodoviárias, de saneamento básico, bem como, de energia elétrica.

Outros órgãos como o Instituto Brasileiro do Café e, sobretudo, o Ministério da Agricultura passaram a demandar serviços que apoiassem seus planos de expansão em áreas rurais com pouca ou nenhuma informação topográfica relevante que permitisse investimentos no crescimento das lavouras de forma mais objetiva e precisa.

O grande pioneiro da história da aerofotogrametria brasileira

A princípio, se tem um profissional que pode ser considerado o principal personagem do início da história da aerofotogrametria no Brasil esse sujeito é Henrique Natividade.

Nestor Henrique Moraes Natividade interessou-se por aviões depois de quase ter sido alvejado na Revolução de 1932. Quatro anos depois tornou-se instrutor na Escola de Pilotagem Renato Pedroso, no Campo de Marte em São Paulo e, logo após, seria comandante da companhia aérea Lóide Iguassu.

Já no início da década de 1940 fundou a Sociedade Construtora Aeronáutica Ipanema. Enquanto as primeiras empresas de aerofotogrametria estavam ligadas ao governo, Natividade criava, em 1947, a primeira empresa privada do setor. Nascia entao a Natividade Transportes Aéreos, renomeada para Aeromapa Brasil três anos depois.

“Fui o primeiro fotógrafo lambe-lambe da aerofotogrametria nacional. Não entendia patavina de faixas de voo, de inclinação do eixo da aeronave, derivação lateral, intervalos de recobrimento e essas coisas todas que hoje em dia ninguém mais precisa saber porque as aeronaves agora são plataformas de voo e o sistema tem compensação automática”. Henrique Natividade em entrevista para a revista ASAS (Ed. 11, fevereiro/março de 2003).

Nestor Henrique Moraes Natividade no Campo de Marte em 1940

As tecnologias no início da história da aerofotogrametria

As tecnologias disponíveis no início da aerofotogrametria brasileira evoluíam a passos lentos, pois necessitavam de altos investimentos e a importação de todos os equipamentos.

Mesmo assim, o surgimento de novas empresas traziam ao Brasil a atualização tecnológica do setor e a nova demanda de diferentes regiões e aplicações acabaram viabilizando novos investimentos e a evolução dos serviços prestados.

A aerofotogrametria evolui no país

A partir da década de 1970 algumas fusões entre as empresas do setor criaram empresas grandes, com alto poder de investimento e que expandiram então o uso do mapeamento aerofotogramétrico em todo país.

Investimentos em novas tecnologias eram constantes e, da mesma forma, o número de voos aumentou consideravelmente.

O uso dos serviços aerofotogramétricos por empresas privadas de engenharia se consolida, com os investimentos para a construção de novas rodovias, linhas de transmissão de energia, bem como, a extração de petróleo e minérios. A aerofotogrametria passa a ter papel fundamental no mapeamento dos rincões do Brasil.

Enfim, o resto a história se encarrega de contar. Até os dias atuais a aerofotogrametria vem contando, década após década, o crescimento do Brasil, como as intervenções humanas mudaram o cenário natural, assim como, quais são os caminhos para uma expansão sustentável inteligente.

Fonte: São Paulo vista do alto: 75 anos de aerofotogrametria. Irineu Idoeta, Ivan Valeije Idoeta, Jorge Pimentel Cintra – São Paulo: Ed. Érica, 2004.

Leia também: O que é Aerofotogrametria

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